Como faca, pronta para cortar, aqui estou. Afiada em todos os pontos sensíveis e insensíveis desse meu imenso ser. Abro os braços para qualquer coisa da qual eu gosto e me fascina. Nesse meu mundo só cabe coisas das quais eu possa tocar e possa cortar. Sentimentos são válidos, um turbilhão deles. São eles que me fazem a mulher afiada que sou e sem medo. Tem gente que não pede licença para entrar, apenas... Entra. Tem gente que não sente como eu sinto. E aí mesmo que o tempo passe, que a dor seja interrompida por um alguém, eu continuo a cortar o outro alguém. O que já é passado. Mas eu o mastigo, mil vezes, não apenas trinta. Porque é para o gosto não ser sentido – vai que eu gosto? Vai que eu me apaixono pelo gosto do passado obscuro. E isso não se há de querer.
Eu afio-me nos gestos, nas palavras, no amor, no prazer, e no meu próprio medo – ou exemplificando, nas coisas que faço e sinto. Não apenas no sentido mal intencionado da coisa. Pois todos sabem que uma coisa sempre possui os dois lados. Bom e ruim, o de cima e o de baixo. E a gente sempre prefere o que está em cima, principalmente nós mulheres. Mais perto do divino, mais perto do céu. Do azul que ilumina e cria possibilidades...
Sinto-me pronta para encarar tudo, tudo mesmo. Qualquer tempestade que vier, vou encarar como uma chuva que refresca o verão - molhando meu velho barco - que afunda e leva junto todos os planos feitos, mas são desnecessários. E não há nada mais justo, do que vislumbrar e apreciar o novo, o que nos faz ter certo medo no começo, mas é intenso e acende em nós um fogo já adormecido. O que afia a faca no bom sentido. Ou o que afia outras coisas pertencentes aqui, dentro de mim... Sonhos, muitas palavras guardadas, milhares de desejos e de ideias para o futuro, um amor incondicional – amor puro e sincero.
E que o barco se vá, que o passado seja mastigado e esquecido. Que eu possa afiar em mim, tudo que há de bom. E que as pessoas possam ver da mesma maneira que ingenuamente me enxergo: a mulher afiada, de passado esquecido... De futuro incerto, mas que se sente pronta para reinventar sua história quantas vezes achar necessário. E então, sentir-se completa.
oi, obrigada pela visita no meu blog. Vejo muito sentimento nos seus escritos! ^^
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