quarta-feira, 3 de julho de 2013

Coração Esmiuçado

Seria apenas mais uma noite mergulhada no copo de café. Buscando inspiração a cada esquina da qual pudesse refletir sobre a vida. Segurava na mão o casaco, na outra a xícara, mas o que queria mesmo era arrancar o coração, revira-lo de cabeça para baixo e chacoalhar até que pingasse dele ao menos um resquício de inspiração. Os dias estavam sendo muito difíceis, o cachorro já nem latia mais ao ver sua dona, apagada por culpa de um sentimento que a deixava tão branca quanto a cortina da sala. Estava escurecendo, o café amargo descia cortando a garganta e quando chegava no estômago não tinha um fim. Pensou em trocar pelo vinho, ou pela cerveja mas logo desistiu da ideia, levando em consideração o tempo que demoraria até chegar ao que ela tanto queria, até lá o sono já teria tornado-se seu maior inimigo. Voltou a tomar aquele liquido preto agonizante. Encheu os olhos de lagrima ao lembrar. Queria correr, queria escrever. E conseguiu. No papel, empoeirado e cheio de pingos d`água ela começou a descrever a sua biografia. Tantas edições de livros e ela nunca havia pensando em repassar ao público sua pequena história de vida, e em como seria bom desabafar e escrever sua trajetória. 300 paginas contando os seus sonhos, medos, angustias, realizações e "novos sonhos" já que o coração agora esmiuçado tinha sido preparado para novos horizontes. Naquela noite, botou o cachorro dormir na sua cama, ele latiu como quem se alegra ao ver o dono, e os ambos se puseram a dormir. Tirando a pirâmide que se formara na cozinha, de tantas xícaras de café, o amanhã prometia ser melhor que o hoje!

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Aquilo que sou, não é aquilo que você vê...

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Siderópolis, Santa Catarina, Brazil
Mergulho então nas profundezas da minha alma e tudo parece estar no seu devido lugar: os sentimentos confusos, as gargalhadas que se escondem e estão loucas pra sair, o amor que nunca para de crescer, o amadurecimento contínuo e a esperança de que um dia eu possa desfrutar de tudo isso sem ter medo da minha própria loucura... Acreditar que somos aquilo que pensamos ser ou aquilo que as pessoas dizem, não é o certo. Ninguém sabe quem realmente é, até mesmo quando nossas mãos acompanham nossos pensamentos, não se sabe explicar. Sou aquilo que inventei, aquilo que deixo-me ser, sem medo... Apenas, sou!